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sexta-feira, março 21, 2003

Viagem a dois destinos



Num sítio imenso para além do céu
Existe a Grande Montanha da Vida.
Num sonho intenso para além do meu
Permanece viva a Verdade Prometida.


Numa visão livre e primordial
Um anjo escuta o Bem e o Mal,
Mas sente a claridade invisível
De um insano sonho insensível.


Distante desse destino delirante
Existe um servil ser sepultado
Num frágil mundo falsificado
Que ele julga mover para diante.


Ele é um morto àvido de vida,
Um espírito escravo dum espelho
Onde se vê a escuridão reflectida,
Mas que ele crê ser um anjo velho.


domingo, março 16, 2003

Viagem por outros caminhos


No caminho sereno da harmonia
A Verdade observa o vulto original
Mas não escuta a perversa profecia
Que prefila uma silhueta infernal.


O céu torna-se pequeno e abafado,
As núvens ardem num fogo gelado
E infestantes e infinitos invernos
Invocam o nome da dor dos infernos.


A súplica expira uma frieza interna
Que gela os mais profundos sentimentos
- Apenas se ouvem choros e tormentos
Pedindo que a eternidade não seja eterna -.


A sombra de satã surge definida
Entre a luz da claridade decadente
E a escuridão do trono da Vida,
Que nunca viu o dia benevolente.

sexta-feira, março 14, 2003

Viagem a mundos imundos



Irrompem divinos diabos diabólicos
No cume da Montanha Sagrada,
Adormecendo os sonhos utópicos
E despertando a existência limitada.


A liberdade chora pelos condenados,
Que satânicamente podres e saturados
Inspiram sofrimento e infelicidade
E expiram as virtudes da Verdade.


Ninguém acode os desgraçados...
Lamentam o dia em que sonharam
E tentam arder a Vida que queimaram
Entre mundos imundos e enterrados.


A Vida nunca mais será vivida
- Nem que um dia alguém o queira -
Porque na Grande Montanha Perdida
A Verdade já não é verdadeira.


terça-feira, março 11, 2003

Viagem por dentro de mim


Eu estou encoberto e escondido
No meio das trevas e da escuridão
Procurando um caminho perdido
Para fugir desta perversa prisão.


Se não sonhar o que a Vida sonha
- Que dor, que angústia e que vergonha -
Morrerei mortal neste sítio abafado,
Mas nunca mais serei amaldiçoado.


Poderei então celebrar a liberdade
E unir-me aos ventos sem ventura,
Que cavaram uma tosca sepultura
Quando sopraram além da eternidade.


Foram tantos os sonhadores ousados,
Tantos, tantos os caminhos perdidos,
Que sonho com os dias crucificados
Em que os sonhos serão compreendidos.


quinta-feira, março 06, 2003

Memórias do Verão passado


Observo o céu num dia frio.
Azul. Mar. Ondas. Praia.
Não sei porque não te esqueço
Apesar do Verão já ir longe
E de tu estares tão distante.



Caminho no centro da cidade.
Gente. Ansiedade. Calor. Sol.
Sinto falta do teu corpo quente
Deitado sobre os grãos de areia
Que ainda tapam os meus olhos.



Aproxima-se o fim da tarde.
Brisa. Frescura. Conforto. Ninguém.
Já não me sento ao teu lado
Nas dunas onde conversávamos
Sobre os teus sonhos inocentes.



Núvens negras encobrem o sol.
Chuva. Vento. Frio. Adeus.
Nunca mais vi a tua figura,
Apesar de permaneceres comigo
Sempre que leio esta poesia.

quarta-feira, março 05, 2003

Ainda


Eu ainda estou aqui escondido
Na tristeza muda do meu olhar,
A pensar naquele mundo perdido
Em que me cansei de te procurar.


Agora sou um pesadelo perseguido
Pelo sublime sonho de imaginar
Que a noite em que tenho vivido
Será o dia em que te vou criar.


Sai da manhã desse novo dia,
Se por acaso tu até existires,
Para eu partir na tua harmonia
E para do meu ocaso te despedires.


Se fores uma infeliz fantasia,
Apenas te peço para extinguires
A paixão desta impulsiva poesia,
Que eu sonhei para tu a sentires.

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